A unir percursos – PR7, 15 e 16 na Serra da Freita

Há muito tempo que andava com vontade de unir os vários pequenos percursos marcados que existem à volta de Albergaria das Cabras na Serra da Freita.
Eles são três: o PR7 – NAS ESCARPAS DA MIZARELA com 8 kms, o PR15 – VIAGEM À PRÉ-HISTÓRIA com 17 kms e o PR16 – CAMINHADA EXÓTICA com 9 kms. São percursos relativamente curtos, indicados para conhecer esta parte da serra da Freita. Alguns deles já tem algum desnível mas nada substancial. Infelizmente estão tão juntos que se sobrepõe uns aos outros. Foi essa proximidade que me fez pensar: “isto dava era para fazer um trilho único!”.

E foi aproveitando um dia mais fresco, e parcialmente coberto de Julho, que resolvi avançar finalmente com a ideia.

Eram cerca das 8 horas da manhã parava o carro junto ao parque de campismo de Merujal. O tempo estava fechado e cheguei mesmo a ter chuva na viagem. Tempo optimo para a marcha!

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Uma ponte para passar um riacho com 1 metro de largura?!

Resolvi começar pelo PR 15, o mais longo mas também o com menor desnível. Isso permitia-me “aquecer” e ver como ficava o tempo.

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S. Pedro Velho visto do caminho para Albergaria das Cabras

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O radar meteorológico aparece no meio das nuvens

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Igreja de Albergaria

A primeira parte sai do parque em direcção à aldeia de Albergaria das Cabras para de seguida entrar no planalto propriamente dito. O tempo mantinha-se com uma agradável bruma que tapava o sol quente desta altura do ano.

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Antiga passagem que bloqueava o gado mas permitia que as pessoas passassem por cima

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Cartaz indicativo da Portela da Anta

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Conforme passavam as horas as nuvens e a bruma tinham tendência para desaparecer. Sempre achei fantastica esta parte do plantalto (especialmente antes de “plantarem” as torres eolicas e que felizmente quase não vi durante esta volta) por nos lembrar as imagens que temos da Escócia. Estes morros meios escondidos pelo nevoeiro, que no inverno a chuva miudinha e o vento, ainda mais mais semelhanças acrescentam.

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Entendo que se identifiquem os locais de interesse mas fico sem perceber porque se tem que criar este locais onde se gastam milhares ….

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Onde o acesso é estradão de terra batida para ter 50 metros de passadiço que não serve para outra coisa senão “mostrar obra”

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Ainda são muitas as marcas do incêndio do ano passado

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As bases das torres eólicas escondidas no nevoeiro à espera do D. Quixote 🙂

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Cruzamento de percursos que quase parece uma estrada nacional

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Esta deve ser a única macha florestal que se aguenta no alto da serra

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Conforme me aproximava da aldeia de Castanheira o céu limpava e aparecia o sol. Passo pelo Monte Calvo e sigo por uma das partes do trilho menos claras. Não sei se é falta de sinais ou se eles foram destruídos. No entanto com algum nevoeiro a fechar não vai ser fácil ver os que existem à distancia…

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É difícil ter ideia que grande parte do alto desta serra já foi coberto por pinhais… estes tem os dias contados

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As torres aparecem ao longe

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Castanheira ao fundo

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o fogo também andou por aqui…

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Pedras Parideiras

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Onde está o Olly?

Ao chegar perto da aldeia de Castanheira, o fogo por um lado e o mato por outro, fizeram com que as marcas quase não se vejam. Subo o morro que dá acesso a uma (para mim) das mais curiosas aldeias desta zona: Cabaços. Vindo por este percurso é que se percebe que ela foi construída ao lado de uma pequena bacia por onde passa um ribeiro tendo parte dos campos sido colocados precisamente neste local. Esta bacia não é visível de lado nenhum a não ser do alto que acabamos de subir.

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Marcas da religião no alto antes de Cabaços

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A bacia onde nasceram os campos de Cabaços

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As ruas dentro de Cabaços

Cabaços ainda é extremamente rural e isso é muito visível nas pessoas, ruas e casas por onde passamos. Apesar da proximidade com as outras aldeias parece estamos em outro “mundo”.

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Zona de escalada de Cabaços

Depois de passarmos Cabaços seguimos novamente para perto de Albergaria para entra na parte do PR seguinte. O PR7 faz uma volta circular pelo marco mais conhecido desta zona: a cascata da Fecha da Mizarela. Esta cascata será para alguns a maior queda directa de agua de Portugal. Com cerca de 70 metros de desnível na sua lateral é percorrida por uma das mais conhecidas vias de escalada do norte de país.

Este trilho passa pela zona de escalada de Cabaços e segue por um curioso e aéreo caminho em direcção novamente a Castanheira passando a meia encosta e com algumas correntes em passagens mais “expostas”.

Daqui iniciamos a descida para o rio Caima e para a aldeia de Ribeira. Esta zona foi muito afectada pelos incêndios tendo ardido a ponte e casas desta aldeia, que neste momento se encontra praticamente abandonada.

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Cascata da Ribeira de Castanheira

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Cascata da Mizarela

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Cascata da Ribeira de Castanheira vista de baixo com algumas pessoas quase a alcança-la.

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Ponte sobre o rio Caima que liga à agora abandonada aldeia de Ribeira

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É fantástico ver a natureza a quer retomar o seu espaço

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Após passarmos a ponte o caminho segue durante um tempo quase horizontal com o rio para logo a seguir fazer a dura  subida até ao miradouro da Fecha da Mizarela.

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A cascata com uma das poucas zonas que se aguentam aos incêndios

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O caminho sobe íngreme por entre a típica vegetal local. Talvez seja por esse motivo que este bocadinho se vai aguentando e resistindo ao incêndios que o cercam. Com o desaparecer das nuvens e do nevoeiro o calor aparece e o esforço da subida aumenta.

Passamos o miradouro e entramos novamente no planalto que liga ao Merujal novamente através do PR15.

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Já se vêem novamente as árvores onde se situa o parque de campismo do Merujal

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Ao chegar a Merujal entramos no ultimo percurso, o PR16, que segundo as indicações do site da Câmara Municipal de Arouca está “TEMPORARIAMENTE INDISPONÍVEL”!

E ao fazê-lo percebi porquê. Com excepção dos sinais mais perto de Merujal, e um perdido a meio, o percurso não tem indicações e está em processo de desaparecer no meio do mato.

Ao contrario dos outros dois anteriores, este percurso segue quase na totalidade por antigos estradões, alguns ainda em uso mas outros abandonados e a fechar ou parcialmente destruídos pelas chuvas.

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Deste ponto vê-se o percurso de subida para Merujal

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Chegada novamente à estrada onde podemos ver uma das poucas placas do percurso

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Resta pouco da sinalização deste percurso

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Nas partes mais próximas das aldeias é esta a triste visão

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Aqui ardeu mas o tipo de vegetação existente protegeu o espaço

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A segunda parte deste percurso (no sentido que eu o fiz) é definitivamente a mais interessante. Mantendo ainda a vegetação este segue por caminhos antigos no meio das árvores até atingir a capela da Senhora da Lage e passar novamente junto a Merujal.

Faltava a parte de ligação até ao parque de campismo onde tinha deixado o carro. Para isso subi o vale que passa nas suas traseiras e que dá acesso ao parque de merendas do Vale da Raiz para a seguir descer o caminho paralelo à estrada e finalmente chegar carro 7h30 depois de ter começado, com mais 30 km nos pés e 1000 metros de desnível nas pernas. 🙂

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Vista de S. Pedro o Velho de um ângulo muito diferente do que passei de manhã

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Gasta-se milhares em passadiços e bancos de pedra polida perdidos no meio da serra mas temos que andar nas ruas às escuras… Vá lá a gente perceber…

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Mulhacen – objectivo cumprido!

Em Junho passado participei num excelente projecto do Núcleo Jovem da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP): levar um grupo de jovens com diabetes tipo 1 ao cume mais alto da península ibérica, o Mulhacén na Serra Nevada com 3478 metros de altitude.

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Para quem não sabe (como eu também não sabia) nos diabetes tipo 1 o organismo deixou de produzir (o que pode acontecer por vários motivos) qualquer tipo de insulina. Nos doentes de tipo 2 existe uma produção que pode ter muitas variantes. Assim quem diabetes tipo 1 tem que administrar insulina e gerir essa dose conforme o que faz diariamente: comer, dormir, exercício físico, etc. Isso tornava a actividade desafiante pois nenhum dos participantes, para além das actividades de preparação efectuadas (ou em alguns casos o desporto praticado), nunca tinha estado tão alto nem feito montanhismo. Para além de algum risco na adaptação à altitude o controle dos valores da insulina tiram que ser ajustados conforme a nova realidade.

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E houve um pouco de tudo: excelentes adaptações, situações assim, assim, “ipós” e um ligeiro mal estar com a altitude rapidamente resolvido com uma aspirina e a descida após o cume. A acompanhar todas as evoluções tínhamos uma equipa de televisão que no final realizou um documentário sobre a actividade. Quem quiser pode vê-lo aqui.

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Após a longa viagem de Lisboa chegamos à pitoresca vila de Capileira na base da Serra Nevada. Esta vila representa bem as povoações do interior do sul de Espanha. Apesar de muito turística manteve bem os traços arquitectónicos e o tipo de construção da zona. A pernoita na noite antes subida foi num novo e excelente hotel que, à semelhança de muitos outros alojamentos desta área, é gerido por estrangeiros do norte da Europa. A sua presença nas ruas destas vilas é facto que rapidamente detectamos. Não são os habituais turistas de ferias. Em muitos deles, com um característico aspecto hippie, é evidente que procuram a zona como local para viverem.

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Mulhacen_ (05)Para a subida percurso escolhido foi o que sai do Alto Chorrillo, local onde se chega num autocarro controlado pelo parque natural, e que poupa um desnível de mais de 1300 metros desde a vila de Capileira, local onde dormimos. Daí “restava” subir os cerca da 780 metros por toda a lomba que dá acesso ao cume, com várias paragens para os controles e a uma velocidade adaptada aos que se debatiam com mais dificuldades.

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Mulhacen_ (12)Do cume descemos ao refugio de Poqueira, onde não conseguimos chegar sem a chuva que já ameaçava desde que estávamos no cume nos alcançar. Fruto do enorme calor que se fez sentir esses dias, as trovoadas habitais dessas condições não podiam deixar de se sentir, e nós agradecemos já estarmos bem cá para baixo quando elas apareceram nos pontos mais altos.

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Mulhacen_ (20)Este refugio é bastante grande e deixa-nos adivinhar como deve ser óptimo fazer umas voltas de ski de travessia aproveitando as neves do inverno. A paisagem é fantástica e deixa-nos ver todo o desnível que nos esperava no dia seguinte.

Após uma noite bem passada seguia-se a descida por um lindíssimo caminho junto ao rio e o regresso aos mais de 40º que estavam cá em baixo!

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Agora era hora do jantar de comemoração, uma noite bem dormida e uma longa viagem de automóvel de mais de 18 horas até casa.

Uma volta por Fafião

Antes que ficassem impossíveis aproveitei um excelente dia de sol para visitar a conhecidas Cascatas de Barjas (ou Tahiti como são habitualmente conhecidas).

O sitio é espectacular… mas às 9 horas da manhã, antes da confusão. Não consigo sequer imaginar como será visitar este sitio em pleno Agosto…


A little walk in the Peneda-Gerês National Park, area of the village of Fafião.

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Elixir de La Suerte – Peña Ubiña

De regresso a esta conhecida via de Peña Ubiña. Este ano em condições muito diferentes do ano passado. Apesar de haver menos neve as condições, apesar de não serem perfeitas, estão muito melhores. O ressalto de entrada bem mais agradável mas o característico diedro está mas mesma completamente seco. Havia também mais gelo, especialmente na parte superior. Conforme as previsões do tempo a descida já foi com alguma queda de neve, nevoeiro e vento na parte superior.

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PR14 – uma ultima volta antes do inverno

Aproveitando as excelentes previsões aproveitamos o invulgar tempo deste inverno de 2016/17 para uma volta enquanto esperávamos que a neve caia efectivamente. escolhemos uma zona sem grandes complicações de acesso mas ao mesmo temp pouco explorada por nós. Sem grandes projectos acabamos por seguir o trilho do PR14 que parte de Ermida no Gerês e realiza uma volta circular, com o cuidado suficiente para não entrar na vizinha freguesia de Fafião… 🙂

Apesar de não sermos adeptos dos percursos marcados, este é um percurso interessante que explora algumas zonas onde habitualmente não seguiríamos. Nesta altura encontra-se bem marcado apesar de em dois ou três sítios acharmos que as indicações não são muito precisas e talvez necessitassem de alguma reparação (possivelmente algum vandalismo também possa ser o responsável).

Alguns sítios com informação: Câmara Terras de Bouro, no ICNF e no Wikiloc.

Pico San Carlos – Corredor Norte (300m, III/2+)

Num salto aos Picos para tentar aproveitar a neve (que este ano teima em não estar em condições para o alpinismo) resultou na Norte Clássica do Pico de San Carlos.
Uma saída com hora de luxo (o teleférico só começa a funcionar às 10 horas da manhã!! efectivamente não é para alpinistas…) e eram 10:40 quando começamos a andar.
Com neve batida pelo vento, excelente para o ski de montanha, fizemos a aproximação à base com a sempre penosa tarefa de abrir trilho. Pelo que pudemos apurar havia pouca gente para escalar. Tudo ia para as ascenções em ski…
Subimos sem necessitar de corda até ao característico ressalte desta via onde chegamos eram 13 horas! Como seria de esperar com estas condições está completamente pelado pelo que os habitais 65º de gelo acabaram por sair para aí um M3 engraçado em cima de neve pó.
Para cima baixa a dificuldade e o maior trabalho foi subir e aguentar-nos em 60º de neve com gelo por baixo…
Os lances foram-se sucedendo aproveitando os excelentes locais para montar reuniões em rocha.
Em menos três horas chegamos ao cume. Resta descermos pela face sul a enterramos-nos “até à parte superior dos membros inferiores” na neve aquecida pelo sol.
Uma hora e meia depois estamos a tomar algo refrescante na estação superior do teleférico enquanto esperamos de vez para descer.